O SIGNIFICADO PEDAGÓGICO-ESPIRITUAL DAS DATAS RELIGIOSAS
Às vezes, num lampejo de lucidez, (quando o orgulhoso e infantil ego, sempre na defensiva, cochila) me dou conta das inúmeras oportunidades de aprendizado que deixei passar em minha vida. Uma delas está relacionada à força simbólica (energética para aqueles que assim podem/preferem compreender) das datas religiosas. Hoje, por exemplo, a Igreja Católica e outras Tradições Espirituais celebram a Festa da Epifania (popularmente Dia de Reis) comemorando a Revelação, a Manifestação, de Jesus ao Mundo.
Um primeiro aprendizado possível nos fala das simbologias aí presentes. Os Magos (astrólogos, estudiosos do Universo) devido a virtude da Humildade seguem, sem questionar, sem discutir, O Caminho apontado pela Estrela (símbolo do Ser, do Conhecimento, A Luz). Durante o percurso se deparam com a figura de Herodes (protótipo do eu apequenado, doentio, exaltado, apegado ao poder), o ego em uma de suas mais obscuras manifestações. Numa manjedoura encontram O Senhor Supremo, Humilde, Desarmado, Pequenino em sua Infinita Grandeza: A Criança Divina. Em sinal de Reconhecimento e Gratidão oferecem significativos presentes: ouro (Realeza: O EU), o incenso (Sacerdócio; aquele que é Consagrado, O Servidor); a mirra (Profeta: aquele que Anuncia, que desvela a Divindade adormecida na Humanidade; que Desperta aqueles que dormem, presas do próprio ego, esquecidos do Eu Divino que habita todos os corações).
Uma outra possibilidade, também bem importante, nos remete à jornada mais íntima e profunda de cada um de nós: àquilo que nos irmana, nos iguala ao mesmo tempo em que nos diferencia: a viagem em direção a Si mesmo. Assim, a Solenidade de Hoje nos convida a darmos mais um passo em direção à nossa Essência, "self", Eu Verdadeiro: Criança Divina. Reconhecendo que não somos "apenas" o corpo que habitamos, não somos "apenas" a nossa História. A bem da verdade: não é saudável, tanto espiritual quanto emocionalmente, que nos identifiquemos com nosso corpo (com suas mazelas, dores, prazeres, desejos, limites e possibilidades) nem com nossa História (com suas derrotas e vitórias; tristezas e alegrias). Pois que somos mais que estas realidades passageiras, que estas memórias. Estas, por serem transitórias (da mesma maneira que o ego) devem ser colocadas a Serviço do Eterno que nos habita, de nossa Natureza Divina. Este um dos marcos do dia de hoje: a manifestação da Divindade que habita cada um de nós: Namastê (dizem os budistas: A Divindade que em mim habita saúda A Divindade que em ti habita).
Este Reconhecimento (da nossa Natureza Divina) é o que nos permite transcender as incertezas e medos diante dos desafios cotidianos. A Rememoração de que somos Reis (podemos ser Reis da nossa Vontade, no domínio das paixões que por vezes nos governam, sendo Senhores das forças inconscientes que muitas vezes nos manipulam e dirigem; Reis da nossa Palavra, fazendo-a verdadeira, confiável, Palavra Amorosa), Sacerdotes (consagrados pela Vida, por esta oportunidade de estarmos nesta Escola, a sermos Servidores da Vida, da Paz, do Amor, do Eu, Educadores do ego, eternos aprendizes e Profetas (percebendo e reconhecendo a Riqueza do momento Presente; desejando ardentemente despertar, acordar (escutar O Mestre Coração), anunciando para nós mesmos que Hoje é O Tempo Favorável do Recomeçar, do Renascer).
Que possamos com Humildade e Simplicidade (atitudes estas essencialmente pedagógicas) aproveitar mais esta oportunidade de nos Consagrarmos e Renovarmos nossos compromissos com este Belo Ofício de Educadores, Educadores de nós mesmos, dos nossos pensamentos, dos nossos sentimentos, das nossas emoções, das nossas palavras, das nossas atitudes. Educadores pelo Bom Exemplo.
Felicidade a todos!
Carlos Parada.
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