Já faz muito, mas muito tempo mesmo, que não sinto de maneira tão forte e eloquente -em meu coração- esta Força (energia, motivação) do Natal. Justamente neste ano de tantas dores e perdas, quando menos esperava que meu coração pudesse se alegrar e sentir a Força da Renovação, eis que brota com nova força o desejo de Renascer. Talvez tenha sido justamente a aceitação, do que a Vida me apresentou, sem maiores reclamações ou sentimentos de ter sido injustiçado, o que vem me possibilitando experienciar as Alegrias Natalinas.
E tudo isso me possibilita refletir a respeito da Educação do meu "Eu apequenado" (ego). Aliás, esta é uma das épocas mais propícias (sejamos cristãos ou não) para olharmos bem de perto para nós mesmos, especialmente para estas "estratégias de sobrevivência" (Claúdio Naranjo), denominadas ego. Diante das nossas dores passadas ou presentes só nos restam duas maneiras de encará-las: nos fazendo de vítimas (sendo esta a pior escolha) da Vida, dos outros, das circunstâncias, etc... ou percebendo os acontecimentos como resultado de nossas escolhas, de nossas ações (sem culpabilização de pais, mães, ou de si mesmo), e mais ainda: como excelentes oportunidades de nos transformarmos em pessoas melhores. O primeiro procedimento nos paralisa, o segundo nos possibilita crescer, libertando a nós mesmos dos nossos fantasmas, das nossas ilusões. O primeiro jeito de ver, representa o aprisionamento na "criança ferida", no passado de abandono, rejeição, exclusão, não atendimento de necessidades, de expectativas....o segundo o reconhecimento e aceitação daquela criança, mas o foco se deslocando para a "criança divina" (estas possibilidades de autocura; de autolibertação).
Este período natalino nos apresenta, de maneira bem forte, esta possibilidade de olharmos com carinho e respeito para nossa criança interior, sofrida, ferida, mas com o desejo de transcendê-la, superá-la, dando um passo adiante em nossas prisões. Nos desapegando de velhos padrões, rancores, mágoas, ressentimentos, e do hábito de cultivarmos sofrimentos.
O Mistério do Natal: a Divindade se Humanizando para que este Humano e precário que somos possa Divinizar-se. Trocando em miúdos: trata-se de fortalecer este Divino (esta criança sadia) que nos habita. Mas isto só é possível se colocarmos nosso ego (lembranças e vivências passadas, memórias de abandono e rejeição, reais ou imaginários, físicos ou emocionais; estratégias emocionais de sobrevivência) em seu devido lugar, como servidor daquele Eu Verdadeiro (self junguiano), Eu Divino, Eu Interior, aquela "parte" de nós que é Luz, é Sadia, Divina, Sagrada. Isso também significa que o Espírito se torne senhor da carne, pelo domínio das paixões (egóicas). Um bom começo é sempre, sobretudo em momentos de dúvida ou de grandes decisões, nos perguntarmos: quem em nós quer fazer isso ou aquilo? Quem em nós quer dizer isso ou aquilo? Quem está no comando? Se o que prevalesse é um sentimento de raiva, vingança, de emocionalismo, então estejamos certos de que o ego (medroso, ameaçado, inseguro, sedento de reconhecimento, apegado) está no comando. Se os sentimentos predominantes são de paz interna, serenidade, tranquilidade, é sinal de que o coração está no comando, o Eu Verdadeiro, nosso centro de equilíbrio, está governando.
Aproveitemos este Tempo forte de reeducação das emoções e dos sentimentos. Que a criança da manjedoura, humilde e simples, seja uma motivação para que nossa criança interior se desapegue de velhas amarras que a impedem de crescer.
Paz e Felicidades a todos.
Minha Gratidão,
CarlosParada.
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